quarta-feira, 8 de abril de 2009

POR QUE O SISTEMA FINANCEIRO É TÃO FRÁGIL?

Deficiência nas políticas econômicas e nos órgãos reguladores. A mesma equação que permitiu escândalos como o caso Madoff.

A cada crise no decorrer da história, começam a pipocar diversas possíveis medidas para coibir a especulação. Sim. Os especuladores, esses seres inescrupulosos e gananciosos, são os bodes expiatórios preferidos nesses momentos.

A mais famosa idéia, falava sobre a criação de uma espécie de CPMF global, encarecendo e tornando mais lentas as movimentações financeiras. Em recente reunião entre o G-20, falou-se na criação de um órgão regulador global. É cedo para dizer, mas a história vem mostrando que após o término das crises e do reaquecimento do mercado, essas idéias são deixadas de lado.

Se não fossem os especuladores, só entraria no mercado de ações pessoas que realmente tivessem interesse em se tornarem sócios das empresas. São eles que viabilizam e expandem os mercados de ações, de moedas e títulos.

Em números, em 1980 o volume de dinheiro aplicado era 20% superior a riqueza produzida no mundo. Em 2006, foi superior a 200%. No mesmo período o PIB Global passou de US$ 10 tri para US$ 48 tri. O dinheiro aplicado em bancos, títulos e ações foi de US$ 12 tri para US$ 167 tri. A “especulação” interessa e muito a muitos e é apenas mais uma peça, não o precursor das crises. Ao contrário, sem ela, a economia capitalista não perduraria.

A atual crise surgiu em um cenário perfeito. A euforia econômica, provocada pela alta nos preços que garantiam os financiamentos imobiliários, gerou juros baixos e crédito farto. O acesso fácil ao crédito e o crescimento econômico reduzem a noção geral de risco. Investidores, experientes ou não, entram no mesmo barco, aplicando com ousadia para buscar lucros mais altos e rápidos.

É aí que surgem as “bolhas”. O tipo de investimento entrou na “moda” e valorizou muito além da real capacidade de retorno. Quanto mais se valoriza, mais gente investe e ainda mais se valoriza. Touche!

Os investidores sabem que mais cedo ou mais tarde, a bolha vai estourar. Isso estimula ainda mais a especulação. Mesmo sabendo que a situação é insustentável, todos querem tirar o maior proveito possível enquanto a situação perdurar. Ao primeiro sinal (quebra de bancos, neste caso), todos querem fugir ao mesmo tempo potencializando as perdas. Pânico geral.
Uma decisão racional gera comportamentos coletivos irracionais.

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