domingo, 26 de abril de 2009

COTIDIANO #2

Hay dias que no sé lo que me pasa.
Eu abro meu Neruda e apago o sol.
Misturo poesia com cachaça
E acabo discutindo futebol...

Aos sábados em casa tomo um porre
E sonho soluções fenomenais.
Mas quando o sono vem e a noite morre,
O dia conta histórias sempre iguais...

Às vezes quero crer mas não consigo.
É tudo uma total insensatez.
Aí pergunto a Deus: Escute amigo,
Se foi pra desfazer, por que é que fez?

Mas não tem nada, não.
Tenho meu violão.
Toquinho e Vinicius

sexta-feira, 24 de abril de 2009

NÃO SOMOS SÃOS

Qual a sua doença?
O uso de passagens oficiais para fins pessoais é mais um capítulo do festival de escândalos que alguns parlamentares dos mais diferentes partidos promovem com o nosso dinheiro. Entre viagens ao exterior pra família, amigos, estrelas televisivas, modeletes de plantão e conhecidos, a reação típica dos envolvidos é a negação. Depois reconhecem o fato, mas dizem que não é ilegal. O próximo passo é: Ta bom vai... Vou pagar.
Esse é apenas mais um dos escândalos promovidos pelo Congresso. Segundo o jornalista Fernando Rodrigues, até agora, 2009 já acumula 34 no total, entre empregadas domésticas lotadas em gabinetes, uso da gráfica oficial para imprimir material promocional, castelos, mansões e horas extras nas férias. Escândalos descobertos, diga-se.

Com a crise ética, a opinião pública cobra medidas moralizadoras por parte do Congresso Nacional. Entre discutir se os R$ 15 mil que os parlamentares recebem, SEM INCIDÊNCIA DO IMPOSTO DE RENDA. serão ou não incorporados ao salário de R$ 16,5 mil e quem, afinal de contas, pode ou não viajar com as passagens oficiais, não há esperança de que muita coisa seja feita. No próximo escândalo, mudam-se os holofotes de lugar e lá vai toda essa baderna pra baixo do tapete.

O que se fala sobre a “Farra Aérea” é que as passagens oficiais (BENEFÍCIO), a que os parlamentares têm direito através de uma cota mensal e, não sendo utilizado, acumulam para o mês seguinte. Dizem também que os deputados e senadores emitem seus bilhetes em benefício de terceiros para viagens a lazer. E há indícios de que há parlamentares que negociavam essas passagens com agências de viagem, sem que o comprador final fizesse a menor idéia. Não é ilegal. É imoral. É antiético.

Mal comparando, vamos falar de outro BENEFÍCIO. A maior parte das empresas privadas fornecem a seus funcionários um valor referente a refeição. Essa verba, garantida por lei, visa garantir que o funcionário consiga fazer uma refeição completa, durante seu período de expediente, de forma que garanta plenas condições de trabalho eficiente. É um benefício para fim específico, certo?

Pois bem. Se não utilizado durante o mês, acumula pro mês seguinte. Pode ser utilizado num belíssimo jantar com sua família e amigos. Amantes e conhecidos. E a julgar pela quantidade de “homens-placa” dizendo que compram esses benefícios, não dá pra duvidar que haja quem venda. Não é ilegal. É imoral. É antiético.

A crise ética não está só no Governo. Isso é contagioso. Invadiu as cidades, vilarejos. E é por isso que sabemos que nada será feito. O governo é uma empresa como outra qualquer e são os cidadãos quem devem acompanhar a “produção” de seus funcionários. Que precisam acompanhar se as “metas” foram cumpridas. Cobrar resultados e penalizar abusos. Só que a grande maioria dos “fiscais” fariam o mesmo se estivessem lá. Ou vai me dizer que trata-se apenas da quantidade de dígitos antes da vírgula?

Quem resta pra seguir de exemplo?

“O que está acontecendo com este país afinal de
contas?


É um fio de arame sem fim, é uma corda bamba que não
acaba, é uma crise atrás da outra. Esta situação não tem um nome claro, isso que é o pior. Como chamar isso? Chamar de crise, de horror, de tragédia infinita... Qual o nome?


O pior é que esta coisa nos dá a sensação de alagamento,
de entupimento, de que nada acaba nunca. De que nada se conclui, de que nada se resolve.


O que estará acontecendo com nossas cabeças, nossas
almas, nossa vida interna? Nosso organismo diante desses horrores que vemos sem poder fazer nada. Que doenças essa fieira de erros nos provoca? Que febres?
Que miasmas?

Ver, por exemplo, o presidente do senado falando e
manobrando os escândalos para que nada aconteça no final. Que bactérias nos atacam ao ver o Lula distribuindo dinheiro para os municípios sem parar para ter votos em 2010? Ou sei lá, o Maluf negando ter conta com todos os países prontos para prende-lo se ele aparecer por lá. O que vai nos acontecer apalermados
diante disso?


Esse contato permanente com a mentira, este veneno que as noticias lançam em nossas almas provocam muitos danos em nossa saúde. A gente não percebe, mas vai ficando mais maluco, ou mais fraco ou mais cínico.

Vamos ver, em qual doença você se enquadra? Alguns já se
enquadram na enfermaria dos vingadores de direita e pensam: Tem mais é que matar esses canalhas. Bala neles. Isso é uma doença e já passa por nossas cabeças. É a chamada Síndrome da China, ou melhor, inveja da China porque por lá essa turminha já tava toda ajoelhadinha com bala na nuca. Mas não, temos que resistir tomando o elixir da democracia.


Outros ficam com a doença da impotência. A brochura política: É assim mesmo, não há o que fazer. Outros mais radicais são os suicidas vivos: Ainda bem que eu vou morrer um dia e parar de ver isso. Outros ficam cínicos: Vou meter a mão na cumbuca também. Já que pra roubar, meu pirão primero. Não vou amar, não vou respeitar mais
nada.
Outros querem ditadura, militares, Chaves... Fecha tudo, fecha o
Congresso, fecha!


Outros vão morar no mato. Outros, atrabiliarios, ou
seja, com o fígado negro, a chamada hepatite Brasil. Outros riem muito. Outros ficam alcoólatras, maconheiros. Ou então vão fumar craque que já está chegando aqui ao Rio de Janeiro.


Outros simplesmente desistem de pensar e ficam olhando o nada.

São muitas as doenças. Qual a sua doença?” - Jabor - CBN - 17/04/2009

DE QUE VALE A LUTA NA MESA DO BAR?

terça-feira, 21 de abril de 2009

COLUMBINE - DEZ ANOS

Longe da violência pulverizada nas escolas norte americanas, Columbine não registrava ocorrências policiais além de multas por estacionamento proibido e não possuía portas detectoras de metais em sua entrada. Cerca de 82% de seus alunos eram aprovados nas Universidades. Era conservadora e privilegiava os atletas. Nas formaturas quase sempre não havia bebidas alcoólicas.

Lá estudavam Eric Harris, 18 anos e Dylan Klebold, 17anos. Jovens de boas famílias, ótimas notas e popularidade zero. Enredo comum em qualquer filme de sessão da tarde. Só que a vingança foi um pouco além de conseguir sair com a garota mais bonita no baile de formatura.

Ridicularizados pelos atletas, extravasavam em sites da internet seu ódio, formando a Máfia da Capa Preta, colecionando suásticas e menções neonazistas. Em 20 de abril de 1999, entraram no colégio por volta da 11h portando 1 pistola semi-automática, 1 rifle 9mm, 2 caçadeiras sob as capas pretas e cerca de 30 bombas caseiras em mochilas.

Em um exemplar do livro de formaturas, Harris decidiu, através de palavras escritas nas fotos, quem morreria e quem seria poupado, com foco voltado aos atletas e minorias.

Assassinaram 12 colegas, 1 professor e suicidaram-se, deixando mais 23 feridos. Em nota encontrada perto dos corpos, diziam: Não culpem mais ninguém por nossos atos. É assim que queremos partir.

Ambos possuíam antecedentes criminais por roubo de equipamentos eletrônicos e arrombamento de carros. Infrações pagas com 45 horas de serviços comunitários recém cumpridos.

Recomendo os filmes “Tiros de Columbine” (2002) – Michael Moore e Elefante (2003) – Gus Van Sant. O 1º ganhou o Oscar de Melhor Documentário de 2003. Elefante mostra as possíveis motivações dos estudantes para cometerem os crimes no Instituto, através dos personagens Alex e Eric.

Hoje, dez anos depois, ataques desse tipo continuam acontecendo. O último, no início de abril, numa instituição de atendimento ao imigrante, na cidade de Binghamton, Estado de Nova York, vitimando fatalmente um professor brasileiro. Até agora em 2009, foram 4 ataques. Em 2008, foram 12 em todo o mundo.

É absurdo, mas essas tragédias estão se resumindo a estatísticas. Lamenta-se, mas não se choca mais. Duas frases comentam o episódio e olha-se no relógio pra ver quanto tempo falta pra começar a novela.

Em que pese a dificuldades sociais latentes que as pessoas vêm apresentando em aceitar / reagir à rejeição que culminam em tragédias como essa, o descontrole sobre as armas nos EUA só aumentou nos últimos anos.

Hoje no Brasil, um cidadão comum para adquirir uma arma de fogo, precisa fornecer dados pessoais e documentos a Policia Federal; comprovar a necessidade profissional ou ameaça a integridade física; fornecer certidões de antecedentes criminais das Justiças Federal, Estadual, Militar e Eleitoral; e apresentar análises assinadas por profissionais credenciados, psicológicas e técnicas. Ok, não estamos no país das maravilhas, mas a coisa estaria muito pior se qualquer cidadão maior de idade pudesse comprar armas na esquina.

Atualmente, é isso que acontece nos EUA. Qualquer americano maior de idade pode adquirir armas de fogo, desde que não esteja respondendo por ação de violência e nunca tenha sido internado em instituição psiquiátrica. Isso nos vendedores autorizados.

Em feiras de armas e negociações particulares, simplesmente não há exigência. Assim, nem o Depto de Álcool, Tabaco, Armas de Fogo e Explosivos, possui o número exato de armas em circulação no país.

De um lado, o lobby “pro armas”, liderado pela NRA (Associação Nacional do Rifle), defende que o problema da violência com armas nos EUA deve ser resolvido com mais armas e menos (ainda) regulação. Teoricamente, segundo eles, se o diretor ou vigilante de Columbine estivessem portando armas de fogo, teriam inibido os criminosos ou ainda, atirado antes que o ataque começasse.

Do outro lado, as organizações de prevenção a violência com armas, defendem que todos os ataques tem em comum a arma de fogo e atribuem a facilidade em adquiri-la, o estopim para os ataques. Defendem as chamadas “medidas de senso comum”. Hoje, qualquer americano pode comprar fuzis AK47, 50 revolveres de uma vez e estocar armas e munição. Ainda que seja uma questão de auto defesa, quem precisa de tanto armamento? Bruce Willis? Uma vitória recente foi a aprovação do repasse de mais verba aos Estados que alimentarem o sistema nacional de antecedentes. É pouco.

Os valores se inverteram a tal ponto que ninguém questiona o governo pela responsabilidade em dar segurança à população ou por desenvolver programas efetivos de acompanhamento psicológico nas escolas. E nem estamos falando dos bons e velhos países subdesenvolvidos!

Não há medida 100% segura para eliminar um episódio assim. Qualquer cidadão, em um rompante, pode potencialmente gerar agressões dessa magnitude, infelizmente. A questão é devolver o que é “tragédia” ao patamar de TRAGÉDIA. EXCEÇÃO. Um fato que aconteceu, em média, todos os meses de 2008, e mantêm o ritmo em 2009, não é mais tragédia. É cotidiano.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

ÁRIES

21/03 a 20/04 - Perdoem o atraso, arianos queridos de Março. Segue uma singela e honesta homenagem a mãe do 1º abrigo, madrinha do 1º banho...

“Áries é um signo irritante.
Barraqueiro. Mandão. Mimado.
É o primeiro signo do zodíaco,
então é a criança, é o que dá o impulso e seu elemento é o fogo. E por ser a criança é o pentelho, o birrento, o chato...
É também o que inicia, é o pioneiro,
o precursor e um líder nato.
Tem muita energia, é dinâmico,
ousado e gosta de romper limites.
É muito fácil fazer um ariano de bobo.
É só dar a ilusão que ele está no comando, no poder...”
By Christian Pior

AOS FILHOS DE ÁRIES - Oswaldo Montenegro


"Áries é o primeiro signo, do carneiro apaixonado. Tem em Marte seu designo e no fogo seu reinado. Nas estrelas seu delírio, seu amor enciumado. Nos limites, seu martírio, seu mistério revelado. Louco signo das correntes e emoções arrebatadas. Ariana dos repentes e explosões descontroladas.

Ariana, como o fogo, nunca será dominada. Decisiva como o jogo e a primeira namorada. Signo da sinceridade, da vermelha cor do dia. Signo da velocidade, da impulsão e eu nem sabia. Que era tanta madrugada a derramar no coração. Como a rosa serenada, se transforma e pinga ao chão derretendo ao fogo da paixão."

POR QUE O SISTEMA FINANCEIRO É TÃO FRÁGIL?

Deficiência nas políticas econômicas e nos órgãos reguladores. A mesma equação que permitiu escândalos como o caso Madoff.

A cada crise no decorrer da história, começam a pipocar diversas possíveis medidas para coibir a especulação. Sim. Os especuladores, esses seres inescrupulosos e gananciosos, são os bodes expiatórios preferidos nesses momentos.

A mais famosa idéia, falava sobre a criação de uma espécie de CPMF global, encarecendo e tornando mais lentas as movimentações financeiras. Em recente reunião entre o G-20, falou-se na criação de um órgão regulador global. É cedo para dizer, mas a história vem mostrando que após o término das crises e do reaquecimento do mercado, essas idéias são deixadas de lado.

Se não fossem os especuladores, só entraria no mercado de ações pessoas que realmente tivessem interesse em se tornarem sócios das empresas. São eles que viabilizam e expandem os mercados de ações, de moedas e títulos.

Em números, em 1980 o volume de dinheiro aplicado era 20% superior a riqueza produzida no mundo. Em 2006, foi superior a 200%. No mesmo período o PIB Global passou de US$ 10 tri para US$ 48 tri. O dinheiro aplicado em bancos, títulos e ações foi de US$ 12 tri para US$ 167 tri. A “especulação” interessa e muito a muitos e é apenas mais uma peça, não o precursor das crises. Ao contrário, sem ela, a economia capitalista não perduraria.

A atual crise surgiu em um cenário perfeito. A euforia econômica, provocada pela alta nos preços que garantiam os financiamentos imobiliários, gerou juros baixos e crédito farto. O acesso fácil ao crédito e o crescimento econômico reduzem a noção geral de risco. Investidores, experientes ou não, entram no mesmo barco, aplicando com ousadia para buscar lucros mais altos e rápidos.

É aí que surgem as “bolhas”. O tipo de investimento entrou na “moda” e valorizou muito além da real capacidade de retorno. Quanto mais se valoriza, mais gente investe e ainda mais se valoriza. Touche!

Os investidores sabem que mais cedo ou mais tarde, a bolha vai estourar. Isso estimula ainda mais a especulação. Mesmo sabendo que a situação é insustentável, todos querem tirar o maior proveito possível enquanto a situação perdurar. Ao primeiro sinal (quebra de bancos, neste caso), todos querem fugir ao mesmo tempo potencializando as perdas. Pânico geral.
Uma decisão racional gera comportamentos coletivos irracionais.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

CRISE NO BRASIL - A MAROLA

As quebras de Bancos e todos os problemas enfrentados na economia mundial geraram um cenário de incertezas, uma “crise de confiança”. Nesse momento, quem possui recursos deixa de emprestar e quem precisa de crédito para cobrir déficits não encontra quem forneça. Numa economia global, a falta de recursos em qualquer ponto, afeta a todos.

No Brasil, os bancos não possuíam papeis ligados as hipotecas de alto risco, origem dos problemas. Vínhamos de 2 anos de forte crescimento econômico movido pela demanda interna e pelas exportações. Ambos os segmentos atingidos em cheio. Com a restrição a circulação de dinheiro, as empresas deixam de investir em projetos, deixam de exportar (seu comprador está em uma economia desaquecida), deixa de investir em seus projetos, deixam de contratar, geram desemprego e as pessoas deixam de consumir.

Outro problema que enfrentamos foi o mercado de ações. A crise americana provocou aversão a risco. Como o mercado de ações é sujeito a variações, os investidores preferem sair das Bolsas, aplicando seus recursos em investimentos mais seguros. Assim, falta dinheiro para as empresas investirem, aumentando a crise, ocasionando maior saída dos investidores. É um ciclo sem fim.

A característica do mercado nacional também foi decisivo. A principal característica do cenário brasileiro é a concentração de papeis em commodities, que viram sua demanda e seu valor despencarem no mercado mundial. Assim, empresas como a Petrobras e Vale desvalorizaram acima da média do mercado. Como elas correspondem a quase metade da movimentação da Bovespa, o índice Ibovespa despencou.

Os principais setores afetados com a crise foram o automotivo, imobiliário e de bens de capital. Isso porque são mercados ligados diretamente as linhas de financiamento. Diversas empresas encerraram o ano de 2008 anunciando férias coletivas e demissões, situação que ainda não chegou ao fim. Segundo o Caged (Cadastro Nacional de Empregados e Desempregados), só no mês de dezembro houve uma redução de mais de 650 mil postos de trabalho.

Caso a crise se agrave e as demissões continuem, os problemas tendem a se alastrar aos demais setores. Para 2009, o Banco Central espera um crescimento de 3,2%, enquanto o próprio Governo esperava 4%. Analistas de mercado, de acordo com o atual cenário, contam com um crescimento de apenas 1,8%. Ainda não é um quadro de recessão, mas preocupa. De qualquer forma, espera-se que esse número seja melhor que a maioria dos outros países.

MEDIDAS

Desde Setembro de 2008, o Banco Central vem adotando um série de medidas para minimizar os efeitos da crise no país.

Leilões de dólares com garantia de recompra e, posteriormente apenas leilão (situação que não ocorria desde 2003). A garantia de recompra pretende ”emprestar” dinheiro as instituições financeiras para que financiem as exportações. Passou também a injetar recursos nas instituições financeiras através de mudanças no recolhimento de depósitos compulsórios*.
*Os bancos são obrigados a depositar em uma conta do próprio Banco Central parte dos recursos captados de seus clientes em depósitos à vista, à prazo e poupança. Quando o BC reduz o depósito compulsório, libera mais recursos para que os bancos emprestem.

Houve a disponibilização de diversas linhas de financiamento, dentre elas, bens de consumo, maquinário e agrícolas, utilizando recursos do BNDES, Caixa Econômica Federal, Governo do Estado de São Paulo e do próprio BC.

Em 11 de Dezembro, o Governo anuncia uma série de medidas. As principais são a nova tabela de IR, redução do IOF para consumo e do IPI para montadoras. Em 30 de março, foi anunciado a prorrogação da redução no IPI até Junho com a prerrogativa da manutenção de emprego pelas montadoras, estendendo o benefício para motocicletas e materiais de construção.

EM BREVE:
- Por que o sistema financeiro é tão frágil?
- Luz no fim do túnel?

CRISE NA EUROPA

Para o FMI, a previsão para a economia global é de um crescimento de 0,5% para este ano. O Fundo considera que qualquer índice inferior a 3% já indica um cenário de recessão.

A crise oriunda das hipotecas norte americanas não demorou a jogar a economia mundial às margens da recessão. Na Europa, a Irlanda foi o primeiro país a sentir seus efeitos, ainda em Setembro de 2008.


As previsões mais otimistas vislumbram o início da reação apenas para o final de 2009. Além da Irlanda, Inglaterra, Alemanha e Espanha foram alguns dos países que tiveram seus desempenhos econômicos comprometidos desde o último trimestre de 2008.

Em Janeiro, o BCE (Banco Central Europeu), no intuito de reaquecer a economia, reduziu sua taxa de juros para 2% ao ano, o menor índice desde junho de 2003. O BC Britânico reduziu o índice para 1,5%, mais baixo nível de sua história. De pouco adiantou. Parece que os efeitos do corte na taxa de juros, perderam seu “poder mágico” e o cenário é de cautela.

Além do corte nos juros, o governo alemão aprovou um pacote de US$ 65 bi para combater a crise. O governo britânico já injetou cerca de US$ 55 bi no setor bancário, gerando a nacionalização parcial de bancos importantes como o RBS e Lloydes TSB/HBOS.

A preocupação vai além. O investidor George Soros disse que a crise é uma ameaça a existência do Euro e que a Europa precisa adotar medidas firmes para retirar os papéis de risco, ligados ao subprime, do mercado. Disse ainda que é necessário que os governos intervenham para resgatar os bancos em dificuldades, já que o setor privado não pode fazê-lo.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

O INÍCIO DA CRISE

Estamos em meio a uma crise econômica mundial. Jornais, noticiários, mesa de bar. Somos bombardeados a cerca de 6 meses com notícias sobre a crise que teve início nos EUA, oficialmente, no final de 2008.
Em 2001, segundo o Nber (Escritório Nacional de Pesquisa Econômica, EUA), a economia americana entrou em recessão em consequência do “estouro da bolha” das empresas ponto com. Para impulsionar a economia, o Fed Reserve, Banco Central Americano, iniciou uma sequência de cortes na taxa de juros, chegando a 1% entre junho de 2003 e junho de 2004. Esse período foi suficiente para alavancar a economia com circulação de crédito em todos os setores. Fundamentalmente, no mercado imobiliário.
As companhias hipotecárias passaram a explorar o segmento de clientes “subprime”*. Gestores de fundos e bancos começaram a comprar esses títulos hipotecários, permitindo que uma nova quantia de dinheiro fosse emprestada, antes mesmo do pagamento do primeiro empréstimo. Olha a bola de neve ai! *Subprime - Clientes com maior risco de crédito que pagam taxas de retorno mais altas
O retorno em cima desses papéis (chamados de derivativos*) era altíssimo, tanto que outros gestores passaram a comprá-los dos primeiros, gerando uma cadeia de venda de títulos. *Derivativos – são papéis cujo valor é derivado de outros ativos. Instrumento financeiro de risco principalmente no complexo mercado financeiro globalizado. Risco alto – Retorno alto.


Em 2006, o mercado imobiliário já saturado entrou em declínio, ao mesmo tempo em que a taxa de juros já havia subido para 5,25%. Os reajustes feitos nos contratos de hipoteca, inviabilizaram o pagamento das prestações. Surgiu ai o aumento da inadimplência.

Se o tomador, “a ponta” desse processo, não consegue arcar com a dívida, dá início ao não-recebimento por parte dos compradores dos títulos (bancos e gestores, mais conhecidos com bonecões de neve), dando início a um ciclo que faz com que todo o mercado tenha medo de comprar ou negociar os “subprime”.

O primeiro sinal da crise veio em agosto de 2007, quando o banco BNP Paribas Investiment Partners, alegando dificuldades em avaliar os valores dos investimentos ligados as essas hipotecas, anunciou o congelamento de 3 fundos. Esse sinal foi suficiente para instalar pânico no mercado. Na sequência, 2 das maiores empresas do mercado imobiliário tiveram problemas. A AHM pediu concordata enquanto a Contrywide Financial foi comprada pelo Bank of America.

Os próximos a sentirem as conseqüências, foram os bancos. Após a quebra do Lehman Brothers em Setembro de 2008, os principais grupos financeiros do mundo que já vinham sofrendo abalos com a crise, entraram em um ritmo de perdas acelerado. Empresas como Citigroup e Bank of America (o mesmo que havia comprado o Contrywide), precisaram recorrer a ajuda do governo.

A indústria automobilística foi atingida em cheio pela crise na concessão de crédito. GM, Chrysler e Ford foram algumas das montadoras que também recorreram a ajuda financeira do Governo.

Em números, a crise que se espalhou por todos os setores da economia, derrubou o PIB americano em 3,8% no último trimestre de 2008 e havia 2,6 milhões de desempregados, maior número desde o final da 2ª Grande Guerra.

Arte Folha

NÃO PERCAM NOS PRÓXIMOS CAPÍTULOS
- O efeito da crise no mundo.
- O efeito e medidas tomadas pelo Brasil para enfrentar a marola.
- Por que o sistema financeiro é tão frágil?
- Luz no fim do túnel?