segunda-feira, 6 de abril de 2009

CRISE NO BRASIL - A MAROLA

As quebras de Bancos e todos os problemas enfrentados na economia mundial geraram um cenário de incertezas, uma “crise de confiança”. Nesse momento, quem possui recursos deixa de emprestar e quem precisa de crédito para cobrir déficits não encontra quem forneça. Numa economia global, a falta de recursos em qualquer ponto, afeta a todos.

No Brasil, os bancos não possuíam papeis ligados as hipotecas de alto risco, origem dos problemas. Vínhamos de 2 anos de forte crescimento econômico movido pela demanda interna e pelas exportações. Ambos os segmentos atingidos em cheio. Com a restrição a circulação de dinheiro, as empresas deixam de investir em projetos, deixam de exportar (seu comprador está em uma economia desaquecida), deixa de investir em seus projetos, deixam de contratar, geram desemprego e as pessoas deixam de consumir.

Outro problema que enfrentamos foi o mercado de ações. A crise americana provocou aversão a risco. Como o mercado de ações é sujeito a variações, os investidores preferem sair das Bolsas, aplicando seus recursos em investimentos mais seguros. Assim, falta dinheiro para as empresas investirem, aumentando a crise, ocasionando maior saída dos investidores. É um ciclo sem fim.

A característica do mercado nacional também foi decisivo. A principal característica do cenário brasileiro é a concentração de papeis em commodities, que viram sua demanda e seu valor despencarem no mercado mundial. Assim, empresas como a Petrobras e Vale desvalorizaram acima da média do mercado. Como elas correspondem a quase metade da movimentação da Bovespa, o índice Ibovespa despencou.

Os principais setores afetados com a crise foram o automotivo, imobiliário e de bens de capital. Isso porque são mercados ligados diretamente as linhas de financiamento. Diversas empresas encerraram o ano de 2008 anunciando férias coletivas e demissões, situação que ainda não chegou ao fim. Segundo o Caged (Cadastro Nacional de Empregados e Desempregados), só no mês de dezembro houve uma redução de mais de 650 mil postos de trabalho.

Caso a crise se agrave e as demissões continuem, os problemas tendem a se alastrar aos demais setores. Para 2009, o Banco Central espera um crescimento de 3,2%, enquanto o próprio Governo esperava 4%. Analistas de mercado, de acordo com o atual cenário, contam com um crescimento de apenas 1,8%. Ainda não é um quadro de recessão, mas preocupa. De qualquer forma, espera-se que esse número seja melhor que a maioria dos outros países.

MEDIDAS

Desde Setembro de 2008, o Banco Central vem adotando um série de medidas para minimizar os efeitos da crise no país.

Leilões de dólares com garantia de recompra e, posteriormente apenas leilão (situação que não ocorria desde 2003). A garantia de recompra pretende ”emprestar” dinheiro as instituições financeiras para que financiem as exportações. Passou também a injetar recursos nas instituições financeiras através de mudanças no recolhimento de depósitos compulsórios*.
*Os bancos são obrigados a depositar em uma conta do próprio Banco Central parte dos recursos captados de seus clientes em depósitos à vista, à prazo e poupança. Quando o BC reduz o depósito compulsório, libera mais recursos para que os bancos emprestem.

Houve a disponibilização de diversas linhas de financiamento, dentre elas, bens de consumo, maquinário e agrícolas, utilizando recursos do BNDES, Caixa Econômica Federal, Governo do Estado de São Paulo e do próprio BC.

Em 11 de Dezembro, o Governo anuncia uma série de medidas. As principais são a nova tabela de IR, redução do IOF para consumo e do IPI para montadoras. Em 30 de março, foi anunciado a prorrogação da redução no IPI até Junho com a prerrogativa da manutenção de emprego pelas montadoras, estendendo o benefício para motocicletas e materiais de construção.

EM BREVE:
- Por que o sistema financeiro é tão frágil?
- Luz no fim do túnel?

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