Em 08 de Fevereiro de 2009, os suíços votaram em massa a favor do prolongamento e da extensão à Bulgária e à Romênia acordos de livre circulação dos trabalhadores entre a União Européia e a Confederação, segundo resultados oficiais divulgados pela agência ATS. O "sim" ao referendo conseguiu 59,6% dos votos e se impôs em 22 dos 26 cantões. O acordo permite que 200.000 europeus trabalharem na Suíça desde 2002.
Com a atual crise econômica, os especialistas receberam com surpresa essa vitória. Temiam o medo da população em abrir suas fronteiras diante do aumento do desemprego.
O resultado gerou fortes reações dos ultraconservadores, vinculados especialmente aos partidos políticos de direita, temendo a invasão por parte dos búlgaros e romenos e a consequente diminuição da oferta de trabalho e qualidade de vida dos "nativos".
Em meio a esse cenário, no último dia 11 de fevereiro, a brasileira Paula Oliveira foi atacada por 3 homens, supostamente neonazistas em Dübendorf, na Suíça. O ataque, amplamente divulgado pela imprensa, foi feito com estilete e, além das retaliações por todo o corpo com a sigla SVP (Partido do Povo Suíço), Paula sofreu aborto de uma gestação de 3 meses. Eram gêmeos. A brasileira não corre risco de morte e pretende se recuperar em sua terra natal, Recife.
A hipótese de xenofobia é fortalecida porque não houve assalto ou estupro. Além disso, Paula estaria falando com a mãe ao celular e em português no momento do ataque, ocorrido na saída de uma estação de trem por volta das 19h local. O SVP é conhecido por sua tendência anti-imigrantes, chegando a lançar, em 2007, um cartaz onde 1 ovelha negra era expulsa do país por 3 ovelhas brancas, com o slogan "Por mais Segurança".
De acordo com informações do Itamaraty, Paula é advogada bem sucedida do grupo controlador dinamarquês A. P. Moller - Maersk. Vivia com um suíço, pai dos gêmeos e estava legalmente no país. Exigem atitudes enérgicas das autoridades suecas que, em um primeiro momento, chegou a cogitar a possibilidade de auto mutilação.
Até aqui, temos todas as informações amplamente divulgadas pelos noticiários. É absolutamente impossível imaginar o que essa mulher e sua família estão passando. Infelizmente, qualquer posição enérgica de quem quer que seja, servirá apenas como paliativo pra uma dor muito maior e sem data para expirar. Portanto, só temos a pedir que Deus ilumine seu caminho e que faça com que suas vidas possam seguir em frente.
Xenofobia é a fobia em se relacionar com grupos ou pessoas diferentes, física ou culturalmente. Não envolve ódio como normalmente é associado. Pelo menos, não necessariamente.
O movimento da imprensa nesses últimos dias é louvável, tradução explicita da indignação nacional. Mas no caso de Paula, não posso acreditar que o que incomoda e traz a exigência de uma posição enérgica por parte das autoridades competentes, é o fato de ser brasileira, legal, grávida, de gêmeos, boa filha e profissional bem sucedida. Foi um crime contra um ser humano. Crime esse que se repetiu ao menos 5.000 vezes em 2008 em todo o mundo, com no mínimo 10% de mortes.
No Brasil, mata-se porque o seu rival veste a camisa do time de futebol adversário. Polícia atira primeiro e pergunta depois, principalmente nas periferias. Bandido mata por R$ 10,00.
Milhões de pessoas, de crianças, passam fome. Simplesmente não tem meios de SOBREVIVENCIA. Milhares de pessoas choram seus mortos em uma guerra sem fim em nome de ideais religiosos e conquista de terras.
Espero sinceramente que esse momento sirva pra população, o Governo, o Itamaraty, o Bispo que disse que o Holocausto não existiu e o Papa que o absolveu, reflitam sobre os CRIMES CONTRA A HUMANIDADE e o que cada um, em seu papel PRECISA fazer para reverter o quadro.
Para o surgimento de gerações que consigam enxergar que não existe diferença. Não existe diferença entre nações, entre povos. Não existe diferença entre a atrocidade cometida na Suíça e a menina de 14 anos que levou uma uma bala perdida na barriga, também grávida, e que hoje teve sua morte cerebral declarada. Que não há diferença entre o brasileiro morto no metrô de Londres e a estudante que sofreu queimaduras por todo o corpo durante um trote universitário. Que não há diferença entre os mortos de 11 de setembro, os mortos na Faixa de Gaza e os mortos de fome na África.
São só vidas. Vidas que pedem urgência em respeito.
Fonte: France Presse
Folha de São Paulo
Estado de São Paulo
O Globo
Um comentário:
É Ju... as pessoas não tem mais respeito, os valores estão todos invertidos e cada um só pensa em si. Honestidade é algo raro e se puder passar por cima do outro para tirar proveito de alguma coisa, não se pensa duas vezes.
Às vezes me sinto um ETzinho nesse mundo tão esquisito...
P.S.- Não ganhei parabéns, mas eu te amo mesmo assim. E... MUITA, mas MUITA saudade!!!
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